O Oitavo Dia - John Case
- Michele
- 24 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: há 15 horas

Danny Cray é um artista e, como a maioria dos artistas, vive com a grana curta. Além de se dedicar à arte, ele trabalha como freelancer em investigações particulares. É assim que Jude Belzer entra em sua vida. O advogado contrata Danny para investigar algumas pessoas que estariam supostamente difamando o poderoso empresário Zerevan Zebek. A promessa de dinheiro fácil e rápido atrai o artista, mas, paralelamente à investigação, começam a ocorrer assassinatos, e Danny passa a desconfiar que seu contratante não seja tão benevolente quanto parece. A trama o leva a um jogo de gato e rato, com direito a perseguições mirabolantes pela Europa e pelas proximidades do Oriente Médio, mergulhando na insólita cultura dos yezidis.
Essa é a premissa de O Oitavo Dia, de John Case, um thriller cheio de altos e baixos, publicado originalmente em 2002. Vale destacar que John Case é o pseudônimo usado pelo casal norte-americano Jim e Carolyn Hougan. Juntos, publicaram seis romances sob esse nome, sendo o último em 2006, um ano antes da morte de Carolyn.
À primeira vista, especialmente pela capa e pelo título, o livro parece ter a religião como tema central, mas ela surge apenas de forma superficial – e até um tanto equivocada – na representação do grupo étnico-religioso de origem curda. Os yezidis são monoteístas e acreditam em Melek Taus, o Anjo-Pavão, que é erroneamente associado por outras religiões ao Diabo (Lúcifer, Belzebu, etc.). Essa é, no entanto, uma explicação simplista de uma religião complexa, cuja incompreensão já levou à perseguição e ao genocídio de seu povo.
Deixando de lado o orientalismo da obra, mencionei que o livro tem altos e baixos – e isso se dá porque começa bem, com potencial, mas se perde em meio a seus próprios temas. Danny Cray é um protagonista sem carisma: não se sabe se ele é realmente ingênuo ou se apenas se faz de sonso. Em alguns momentos, beira o mau-caratismo.
O livro apresenta pontos interessantes sobre tecnologia – incluindo menções à inteligência artificial, que ressoam com os debates atuais –, mas essas ideias acabam deixadas de lado em meio às inúmeras perseguições rocambolescas. Não sei se os autores tentaram criar algo nos moldes das aventuras de Robert Langdon (protagonista das obras de Dan Brown), repletas de intrigas internacionais, mas, se foi essa a intenção, a tentativa falha na maior parte do tempo. O resultado é uma verdadeira bagunça inverossímil.
Aliás, esta foi a segunda vez que li O Oitavo Dia, e confesso que talvez tenha gostado da primeira leitura. No entanto, essa releitura foi um desastre. As 430 páginas se arrastaram por semanas; às vezes eu lia duas, depois largava o livro novamente. Tinha preguiça só de olhar para a capa e pensar em abri-lo. Assim, deixo O Oitavo Dia guardado apenas na memória afetiva – afinal, era um dos livros da biblioteca da minha falecida avó, que gostava bastante de suspenses –, mas não o recomendo. A edição brasileira foi publicada pela Editora Planeta de Livros em 2006, com tradução de Artur Neves Teixeira.
Nota: 👻👻