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Legião - William Peter Blatty

  • Foto do escritor: Michele
    Michele
  • 9 de nov. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 1 dia


O Exorcista, escrito por William Peter Blatty e publicado em 1971, acompanha a possessão demoníaca de Regan MacNeil, uma garotinha de 12 anos, filha de uma famosa estrela de cinema norte-americana. Dois anos depois, dirigido por William Friedkin, o romance foi adaptado às telas em um dos filmes de terror mais assustadores e relevantes de todos os tempos. O longa foi indicado a várias categorias do Oscar, incluindo Melhor Filme, e recebeu os prêmios de Melhor Roteiro Adaptado (também escrito por Blatty) e Melhor Som.


Em 1977, o filme ganhou uma sequência esquecível: O Exorcista II - O Herege, dirigida por John Boorman. A obra não teve envolvimento algum de William Peter Blatty ou de William Friedkin. Foi só em 1983 que o autor publicou uma sequência direta de seu romance de 1971: Legião.


A história se passa 12 anos depois dos eventos de O Exorcista, e o personagem principal é o pomposo Detetive Kinderman. Ele investiga uma série de assassinatos com as mesmas características daqueles cometidos por um serial killer morto há anos, o Geminiano (inspirado no Assassino do Zodíaco, que aterrorizou a Califórnia na década de 1960). O exorcismo de Regan é apenas uma memória quase esquecida de um passado distante, trazida ao presente do investigador pela aparição do personagem padre Damien Karras.


O grande problema da narrativa é o próprio protagonista. Kinderman passa parágrafos inteiros divagando sobre aleatoriedades, muitas vezes sem chegar a lugar algum. Com isso, a primeira parte do livro é extremamente maçante; a leitura não flui. Há também um excesso de palavras em iídiche, o que gera notas de tradução em demasia. Kinderman é um personagem raso que parece perdido o tempo todo; a prosa de Blatty também não ajuda.


O livro é dividido em duas partes, e é somente na segunda que a história fica um pouco mais interessante. Em um dos melhores capítulos, há o relato de experimentos de EVP (electronic voice phenomena, gravação de áudios em busca de registro de vozes “do além”), contado por um médico, mas que pouco adiciona à trama.


A edição lida foi a da Darkside Books, que produziu uma obra esteticamente impecável, com tradução de Eduardo Alves. O único ponto negativo da edição é a decisão editorial da Darkside em manter o padrão estrangeiro de aspas para diálogos, enquanto no Brasil utilizamos travessões. Essa decisão aparece em vários livros da editora, mas gera um problema em especial aqui, devido à grande quantidade de divagações do personagem Kinderman, mencionadas anteriormente.


No geral, a obra, mesmo sendo melhor escrita que O Exorcista, tem uma narrativa fraca. Blatty falha na criação de uma atmosfera sombria. A inserção dos elementos cristãos parece ter um ponto, mas não chega a lugar nenhum. O final é anticlimático, quase ridículo. O resultado é um suspense policial comum que se esforça para incorporar elementos de horror, sem sucesso, sendo enfadonho na maior parte do tempo.


Legião também ganhou sua adaptação cinematográfica em 1990: The Exorcist III / O Exorcista 3. O filme, com roteiro e direção do próprio William Peter Blatty, teve no elenco George C. Scott no papel do detetive Kinderman, além de Ed Flanders, Jason Miller (reprisando o papel de Damien Karras), Scott Wilson e Brad Dourif. E sim, o filme é muito melhor que o livro, mostrando mais uma vez que Blatty se sai melhor como roteirista do que como romancista.


Nota: 👻👻




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